Why to Choose RedHood?

domingo, 5 de setembro de 2010

O tempo anda bastante dilatado e isso não tem nada a ver com o meu humor. Meu raciocínio não se mostra em um tempo verbal específico, ele não me coordena de forma regente, ele flui de forma caudalosa, sutil e perceptível.

Eu procuro uma disciplina que pareço ter, mas que nunca se perdeu, porque jamais existiu, a única coisa que de fato me faz pensar sobre a vida é um você único e pluralizado, do tipo que não se deixa jamais ausentar. Eu é que procuro me ausentar dessa lembrança que, cada vez menos, me faz lembrar do seu nariz, seus olhos, seus cabelos, ou qualquer outra coisa ordinária sua.

Trabalhado com escudo, arco e espada em bainha eu saio procurando os meus dragões/moinhos de vento e talvez isso faça da minha vida uma curiosa comédia espanhola, peninsularmente estranha.

O que haverá além daquele pano branco que se ergue logo ali na frente? Ele que se faz de uma composição de branco com um forte holofote que se põe atrás, dando um efeito de ofuscar olhos curiosos como os meus, mas ainda assim olhos. Olhos de pensamentos com sentidos.

E é um filtro em preto e branco, talvez sépia que me faz erguer o corpo, correr por ruas comuns e antigas; pedindo por liberdade a um exilado que se vê tão distante de sua pena, de sua folha, de seu coração, do pulsar que se faz comum a cada novo instante. E é dificil demais rasgar a pele e mostrar as vísceras e como é mais difícil mostrar isso com sentido, com clareza. Talvez a reunião de adjetivos tenha se tornado insuficiente, e cabe a mim aprender advérbios, sujeitos, objetos. E, talvez, ainda seja insuficiente. O melhor mesmo é seguir e criar minha própria gramática, uma que se faz apenas nos momentos mais inconsistentes e incompreensíveis, porque fazer sentido é uma questão de tempo, uma questão de olhar, uma questão de respirar. Uma questão de essencialidade.

sábado, 4 de setembro de 2010



A chuva gotejava de maneira inconstante do lado de fora, aquela vidraça embassada pelo frio refletia o que ela pensava de forma tão uniforme. Ela que agora estava com os restos do que acontecera naquela noite de festa - um amor estranho picotado e espalhado pela sala. Moça de traços tão finos, de flor no cabelo de grossa textura, de um liso escuro. Ela era naquele dia tão diferente do que fora a princípio.
Lembrava-se bem do dia em que olhou tudo ao redor, guardou no peito todos os sinais de uma vida que tivera: o cuidado materno sobre si, da sua infância sob uma mangueira e de seus infantis e consistentes questionamentos de porque o "A" era uma letra tão gorda e maternal? Porque o "S" era tão dançante? Mas por vezes se manifestava tão triste, era como se fosse oprimido pelo "Q" que estava logo ali atrás.
Indo ao litoral para encontrar o sorriso do mar e suas Nereidas, achara ali um vento que contara historinhas de arrancar sorriso, encontrara um lobo infantil, fofo, curioso por conhecimento, encontrara um marinheiro que fez seu peito bater tão forte, mas que a água levou-o tão longe e para sempre.
E agora estava numa sala fria, na capital, no corpo sinuoso que tomou espaço de uma moça que vestira vestidinho de chita com quadriculados grosseiros, mas possuidores de doçura e de amor. Mas de sua cabeça não saia a festa da noite anterior, uma festa de amor intempestivo(...) Festa daquelas que a perturbava, a suspendia no ar, a retorcia de dor e a fazia cair no chão quase sem vida; levantava-se de cabelo bagunçado, olhos caídos e se constituia de novo na estrutura humana que estava acostumada a ser.
Ela sibilara inaudivelmente que "não era esse seu objetivo" (...) E certamente não o era, não existia nada de movimento, apenas a chuva que teimava em cair, a menina sentada numa cadeira, olhando o vazio que não dizia nada, pensara aquilo tudo e nem se deu conta de que havia raciocinado tantos pontos prolixos de uma emaranhado cheio de remendos. Uma colcha que mantinha para seu próprio equilíbrio fios soltos.
Esperar a Lua vir com suas lantejoulas era o que poderia fazer. Essa era a necessidade que ela tinha de desfazer-se naquela história que se apagou de forma tão bela e surgira assim tão monótona, em fortes batidas esperava o colapso do peito - esse peito deveria logo era parar!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010




Jamais se esquecera em finas notas soltas,
sonhadoramente tecidas e humanamente sorridas, como algo tão intenso...
até aquela moça se deitar em panos púrpuras fluidos.

Levantou-se cigana e sorrateira de sono perdido, olhos pretos borrados,
boca vermelha manchada, sorriso desinibido e escancarado, verdades escondidas por entre os braços postos como arco - poesia louca - insensante, fulgás, respirada,transpirada, perdida e compacta em barro seco de um grande sertão que transbordara (ecoa) dentro dela.
Era uma como nenhuma outra brasileira.

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