Daria para escrever um texto se quisesse , mas queria ir além daquilo ...
Tinha idéias acumuladas de meses na cabeça , nela rolavam pedras , porcos , tejos , vacas , açudes, dores , angústias, transportes, mortes , vidas , experiências, lembranças , amores , decepções, pessoas , músicas, filmes , teatros ... uma circularidade , cada coisa puxava a outra num mundo perfeito feito de tantas lacunas.
O mais difícil era ordenar as idéias e lutar contra as sensações que vinham, portanto não lutou se entregou viveu e sentiu ... Palavras em espanhol lhe eram susurradas ao ouvido; as portuguesas vinham logo em seguida mostrar-lhe que era delas que ele se ultilizava e abusava, as vezes.
Agarrou as sensações e ficou ali com elas , não quis nenhuma calmaria , diferente de muitos, as novidades lhe eram bem-vindas, há quem acredite que essas atrapalham o ritmo de uma vida meio regular , porém cheia de segredos abafados, ele não era assim a cada minuto um suspense novo , uma novo choro , um novo riso , um grito , um silêncio...
Tinha coisas que sumiram nesses meses , planejou ter um caderno de anotações, esperava que cumprisse o plano , esse e outros também, esquentou o estômago como a um amante quando espera o seu amor carente.
Escreveu linhas , escreveu letras, escreveu pensamentos, escreveu ilogicamente...
E as pessoas invisíveis das ruas , teriam que entrar por mais que não fizessem sentido, no meio de tudo aquilo , elas existiam ... ou não ?
Mas ele jurou tê-las visto , ao menos ele as viu , estendendo a mão em busca de um metal sujo, os outros viravam a cara mesmo não as vendo, mas aqueles rostos eram familiares , mas todos sumiam de sua memória , então teria que escrever deseperadamente , como se aquilo a qualquer momento sumisse como o vapor de uma café que se dissipa no ar .
Continuou escrevendo loucamente , sem sentir mais ou sentido das palavras ...
E tudo ficou sem fim ... esperando a queda da última letra no papel borrado, riscado , errado e de uma morte bem viva.
domingo, 13 de julho de 2008
sábado, 5 de julho de 2008
O vidro da janela, embaçado de frio, refletia a clareza distorcida dos efêmeros pingos de chuva, os pingos corriam para a morte com entusiasmo, no chão não eram mais pingos e sim poças.
Os pés doeram ao pisar o chão gélido, camiseta amarela de tantas lavagens, sua favorita... Passou cegamente pelo vaso com um copo-de-leite tão sem graça quanto a parede cinza que servia de fundo.
Acordara, levantara, andara sem sensação alguma, mecanizado permaneceu até o primeiro gole de café quente tocar seu estômago, do qual subiu para memória aquecendo e fazendo vibrar inconstatemente, mas não menos intenso os raios roxos que tomavam formas diversas e complementares a uma lógica final.
Distribuíram-se no negro de sua mente e ele nem sequer percebera, não era inteligente para tanto.
Os desencarnados divirtiam - se muito mais com o seu mundo do que ele mesmo.
A sua presença sempre ausente se deu normalmente . Nunca teve desejos, ânsias, conquistas , medos...
Vivia inercialmente.
Era uma embalagem.
Sua definição era preguiçosa, parava com reticências... Cheia de mensagens implícitas de nenhuma importância.
Os dias eram aqueles de um homem com lacunas e uma existência imperceptível, nem ele mesmo sabia se existia, na verdade nunca pensou ... sequer viveu.
Os pés doeram ao pisar o chão gélido, camiseta amarela de tantas lavagens, sua favorita... Passou cegamente pelo vaso com um copo-de-leite tão sem graça quanto a parede cinza que servia de fundo.
Acordara, levantara, andara sem sensação alguma, mecanizado permaneceu até o primeiro gole de café quente tocar seu estômago, do qual subiu para memória aquecendo e fazendo vibrar inconstatemente, mas não menos intenso os raios roxos que tomavam formas diversas e complementares a uma lógica final.
Distribuíram-se no negro de sua mente e ele nem sequer percebera, não era inteligente para tanto.
Os desencarnados divirtiam - se muito mais com o seu mundo do que ele mesmo.
A sua presença sempre ausente se deu normalmente . Nunca teve desejos, ânsias, conquistas , medos...
Vivia inercialmente.
Era uma embalagem.
Sua definição era preguiçosa, parava com reticências... Cheia de mensagens implícitas de nenhuma importância.
Os dias eram aqueles de um homem com lacunas e uma existência imperceptível, nem ele mesmo sabia se existia, na verdade nunca pensou ... sequer viveu.
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