Why to Choose RedHood?

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010


1º Ato: O som do silêncio é uma mistura de tudo que é existente e indefinido, o adjetivo da língua seria infinito.

[corta a cena de tudo para nada, abre o ângulo]

S-A-U-D-A-D-E

Saudade dói demais e eu acho que fazia tempo que não sentia, a saudade que eu digo é a imortal, a gente mata algumas em pequenas doses todos os dias, têm outras que são difíceis de conviver, porque saná-las é praticamente impossível. E o jeito é brincar com elas.
Bate, rebate, quica, mas nunca cai ou para, simplesmente continua como elétron, sem definição de lugar.

É um sentimento de querer um abraço abstrato daqueles que a gente nem percebe o quanto é bom até saber que não o tem e nunca o terá, porque o abraço que você vai sentir já será outro, com outras potencialidades.
Saudade é algo que tem tanto nome que fica difícil escolher um esfericamente completo, saudade é coisa de nossa língua, de nosso povo, coisa do meu coração, coisa minha, que fico em plena madrugada esperando por palavras que estejam simbolicamente bem representadas.

Saudades é lágrima presa, é nó na garganta, é dedos em movimentos agoniados, é lábios ressecados e umedecidos. Sabe o que é saudade? Porque eu não sei! Porque saudade se sente - E como se sente! - de sente de uma forma doída - E dói, só digo isso! - no meu auge de sado-masoquismo não quero isso não!
Mas saudade me dignifica, me mostra quanto mais leal eu sou e quão mais amo os meus. Saudade é o meu nome, saudade é o meu sangue, meu conteúdo mais denso. Saudade sou eu em uma forma inteligível, uma forma inenarrável.

Fecha as cortinas.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Audrey tinha cabelos loiros e ondulados, de estatura média, pés sujos de terra, corpo normal, olhos normais, espírito incomum. Ad crescera em um cercado que se chama mundo, e o mundo a ensinou de forma silenciosa e nada didática como fazer arte da mais pura, da mais popular, daquela que os estudos mais teóricos não absorvem em estruturas categóricas.
Audrey tinha uma mãe, um pai, um irmão, um cachorro e um mundo bem comum, do tipo que todo mundo quer, mas por ser tão comum é difícil de achar. No cercado de gente por todo canto, a complexidade se tornou banal e o simples se perde por entre dissipações indagadas.
Audrey ao contrário de todas as outras meninas de sua idade não brincava de boneca, nem procurava por namorados, ou príncipes... Ad era do tipo que procurava apenas formas diferentes, procurava as mais diferentes formas de sentir, de ver sentimentos, de ver manifestações sentidas, redundantemente ela sempre sentia, porque a menina sentia duplamente o que todos sentiam uma única vez, mas ela sentia tudo em cor diferente, textura diferente, num cheiro meio doce e salgado, um cheiro que nunca era meio termo.
Mas ela gostava mesmo era de entrar no campo de girassóis, em um campo que era seu naturalmente. Audrey andava, ela corria, ela gostava de sentir o bater acelerado do tambor que tinha no peito, era intensamente música, era tão mais que isso, era locomotiva desesperada, era fluxo natural.
E era nessa terra onde girassóis cresciam de forma uniforme que Audrey vivia em câmera lenta sempre olhando para trás.

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