Bernardo, descobriu dia desses, que era um menino extremamente sensível, um menino de coração tão exposto que não valia à pena cobrí-lo.
Andou por calçadões pensando na utopia do mundo, mas Bernardo era tão mínimo para pensar em tudo aquilo. E mesmo com essa condição ele ia lá e pensava sempre mais do que todos os outros, porque Bernardo sabia que pensar não pesava, a falta de tal ato é que doía.
Bernando era tão absurdamente sensível que até aquele estranho, que emoção algum esboçara, lhe fez sentir pena, ele parecia tão sozinho, ali, naquela parada de condução.
Mas Bernardo pensava em tudo, não especificamente no amor. Porém tudo é amor, todos vivemos nele de alguma forma. A dor é que não era boa, o peito nunca é lugar agradável para algo do tipo.
O menino moreno de cabelos em curtos cachos sabia que não estava sozinho, ele tinha tantos amigos que o suportariam se um daqueles pilares pensados quebrasse. Mas mesmo assim Bernardo seguia inseguro e afetado pelo inconstante funcionamento dos carros.
Na cidade de carros falantes e pessoas caladas Bernardo andou até se perder em pensamentos que o afogavam numa triste comédia humana.