O vidro da janela, embaçado de frio, refletia a clareza distorcida dos efêmeros pingos de chuva, os pingos corriam para a morte com entusiasmo, no chão não eram mais pingos e sim poças.
Os pés doeram ao pisar o chão gélido, camiseta amarela de tantas lavagens, sua favorita... Passou cegamente pelo vaso com um copo-de-leite tão sem graça quanto a parede cinza que servia de fundo.
Acordara, levantara, andara sem sensação alguma, mecanizado permaneceu até o primeiro gole de café quente tocar seu estômago, do qual subiu para memória aquecendo e fazendo vibrar inconstatemente, mas não menos intenso os raios roxos que tomavam formas diversas e complementares a uma lógica final.
Distribuíram-se no negro de sua mente e ele nem sequer percebera, não era inteligente para tanto.
Os desencarnados divirtiam - se muito mais com o seu mundo do que ele mesmo.
A sua presença sempre ausente se deu normalmente . Nunca teve desejos, ânsias, conquistas , medos...
Vivia inercialmente.
Era uma embalagem.
Sua definição era preguiçosa, parava com reticências... Cheia de mensagens implícitas de nenhuma importância.
Os dias eram aqueles de um homem com lacunas e uma existência imperceptível, nem ele mesmo sabia se existia, na verdade nunca pensou ... sequer viveu.
sábado, 5 de julho de 2008
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