Ele chegara em casa cansado de mais um dia que parecera não terminar, e de fato ainda não havia terminado, viu os filhos pequenos na mesa, viu a mulher concentrada com uma tigela na mão, ela fazia movimentos circulares que, por vezes, se irregularizava, simplesmente pela presença de uma massa mais endurecida que havia no fundo do recipiente.
Ele, moreno, texta oleosa, suado por conta dos dias árduos, correu para o banheiro, tomou um banho, tentou esfriar a ebulição de pensamentos que passavam pela cabeça, construir aquele quebra-cabeça era difícil, 200 , 300, 428 peças e por aí ia aumentando.
Depois da alma lavada, caminhou para seu quarto, procurou na gaveta a roupa mais íntima, nela se sentia na sua própria pele, voltou ao ambiente da sala, os pequenos agora assistiam atentamente às imagens invasoras que saiam da caixa mágica, a mulher ao pé do fogão terminava a janta, ele a cumprimentou com um beijo leve, não menos desejoso. Sentou no sofá pegou a filha no colo e perguntou como havia sido o dia, a menina tropeçava nas palavras de um português próprio.
(a menina)
Ela criara suas próprias regras gramaticais. Ela criara seu próprio mundo de amigas e bonecas, de princesas, principes e castelos, ás vezes costumava ir ao quintal sentir a terra úmida, saía do seu humilde castelo, lar, e corria para lá ao encontro do "bosque", coisinhas de toda sorte.
Logo ao anoitecer, voltava para casa, encontrava o irmão encostado no batente, menino de olhinhos redondinhos, meio que pedintes, ela se agustiava sempre que o via ali no batente, cabecinha apoiada na parede, ele olhava o nada.
Ela passava por ele, mas nada dizia, limpava seus pés de fada no tapete e seguia para dentro, quando o pai chegava era hora de narrar seu dia encatado.
(o menino)
Camiseta simples, short marrom que a avó fizera para ele, uma japonesa no pé, assim ele prosseguia aquela curta vida que trilhava, ele sonhava tanto quanto a irmã, mas de um jeito mais preciso, mais silencioso, mas comedido.
Sentava-se no batente que dava para o quintal e via a irmã, um ano mais velha, brincar e imperar por entre tudo, ele olhava o infinito de uma maneira esfíngica, o infinito apaixonara-se por ele na primeira vez que o viu, aqueles olhos negros, brilhantes, cílios grandes, sorriso de meia boca, fazia dele alguém desafiador, alguém que se deseja compreender.
Esperava a irmã entrar em casa, e logo em seguida, ia junto, passava pela mãe, tocava levemente o seu vestido simples de azul quadriculado e recebia um sorriso doce da genitora.
Olhava o pai e a irmã conversarem de forma pessoal, e ele observava - calar-se era preciso naquele momento... ao menos para ele.
Da mulher!
Da mulher, só se diz neste papel que ela amou todos como ninguém jamais o fez, ela trabalhou, suou, brincou, observou, se fez desvendar, sorriu e foi... foi feliz.
sábado, 27 de fevereiro de 2010
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2 comentários:
ai ccomo eu amo teus textos.. *-*
ow, não sei porque,mas esse menino me pareceu tão tu...
'ele olhava o infinito de uma maneira esfíngica, acho que o infinito apaixonara-se por ele a primeira vez que o viu, aqueles olhos negros, brilhantes, sílios grandes, sorriso de meia boca, fazia dele alguém desafiador, alguém que se deseja compreender.'
talvez seja por isso :)
bjoo,meu menino das palavras mais lindas ^^
É linda a maneira com que tu explora esse mundo tão vasto e tão encantador que é o cotidiano. Tuas palavras soam tão fáceis que nem é preciso lê-las, só senti-las. :)
Saudade do teu cantinho. Saudade de ti.
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