Why to Choose RedHood?

sábado, 14 de junho de 2008

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Acordou, continuou deitada, até ter coragem de colocar os pés no frio chão, segurou com as duas mãos na cama, como se não se sentisse confortável e na verdade não estava, o sono que se dissipava, finalmente, a inebriava ainda como num balanço lento...

Oscilou os olhos, vagarosamente, até que teve noção do real e isso não era nada agradável, mais uma luta diária começara.

E como sempre as coisas fugiam de suas mãos, tomou um chá suave sentou e olhou fixamente as ferramentas em sua frente, ordenou de forma aleatória as palavras em sua cabeça e as liberou com num desenho alfabético.

Pela primeira vez , sentiu que fracassara, chorou levemente e baixo para que os outros cômodos da casa não percebessem, que esse calvário fosse apenas dela e da pobre sala companheira dos pensamentos mais profundos e desejos mais febris.

Antes as coisas eram bastante imaginárias, o coração não sentia e as pupilas não se umedeciam tanto, mas há quatro meses as coisas estavam diferentes, mais intensas , mais sofridas, mais expectativas e com mais lágrimas também.

E justamente em uma dia de festa sentiu que as coisas que para si eram as mais puras , eram as mais vulgares para a segunda parte de um todo que correspondia somente a ela.

Caíram lágrimas por instantes e em outros as enxugou, um segundo vinha o alívio de esquecer aquilo tudo, mas os seguintes traziam consigo o desespero de não querer desistir do Seu tão alheio.

Achava que ainda não conseguiria desapegar-se de uma história que projetou, imaginou as pessoas que viriam depois de si e percebeu que a sensação de não querer desistir era a necessidade de ter controle sobre um único olhar, ou até mesmo de uma conversa banal, esquecida depois de qualquer palavra proferida.

E pela primeira vez, sentiu vontade de ser feliz, pois sabia que não o era e aí não conseguiu mais enxugar as lágrimas que banhavam o rosto claro.

Levantou-se tentou falar com outros , mas as pessoas ocupavam-se demais em seus mundos para poderem lhe dar simplicidades cotidianas. Encolheu-se então no seu mundo.

Entrou na cama como se fizesse parte dela... tornou-se um objeto imóvel , que por vezes soltava um gemido sofrido seguido de lágrimas e soluços abafados.

Acalmou-se mais , as coisas escureciam , sabia que a noite as coisas sempre melhoravam as sensações eram menos intensas , não gostaria mais de madrugar tentando achar respostas completas, as incompletas preenchiam melhor os quesitos que exigia.

Gostaria de ainda ter as técnicas de antigamente, mas tudo fugiu de seu controle, só funcionava o músculo que menos interessava... Dores espandiam-se para a região ventral justamente de lá.

Fechou os olhos tentando esquecer o mundo de múltiplas possibilidades, queria agora uma verdade exata.

Esperou o sono chegar e dessa vez não lutou contra ele, entregou-se, perdidamente, ao melhor remédio que tinha para aquela dor, a morfina mais forte de que dispunha contra o corpo magro e o coração robusto que bolavam em lençóis manchados de choro incabado.

1 comentários:

Unknown disse...

Suave e ao mesmo tempo brutal, adorei.

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