Quando os ventos cessaram, não se viu nem se escutou mais nada...
Quantas coisas arraigadas há milênios sublimaram, rapidamente, dali.
Os fios de areia não eram mais arrancados do chão como numa brisa leve que machuca a pele fina...
As coisas estavam mais compactas, mais rígidas, não menos frígidas.
O único ponto não inerte na paisagem agia como um elétron, não se definia em lugar algum, destoava de tudo.
Cachos loiros, olhos arredondados e meio vesgos, vesgos que não se percebiam a não ser pelo leve inclinar do olho esquerdo para perto do nariz, sorriso largo.
Andando com pés meios confusos num reto em que um pé interfere o caminho do outro, assim como a vida que interfere em si mesma.
Filho da felicidade que sempre lhe acompanhou, mas daquela vez não poderia, sabia que as pessoas do ocidente precisavam mais de sua presença.
Ele não conseguia definir aquele misto que embolava dentro si... O desespero da flauta em tocar mais notas dizia que seria possível ser feliz e sofrer, mas ele em sua lógica binária não acreditava na mensagem entoada, sucessivamente.
Revia seus conceitos decidiu partir para o oriente, disseram-lhe, certa vez, que lá as coisas eram muito mais relativas, no ocidente as coisas eram muito mais superficiais ou sim ou não, ele sabia que não pertencia àquilo, logo ele que não era nada objetivo.
Pegou o seu batuque e saiu em busca de onde o Sol dorme quando a Lua vem.
Achou o seu leão e correu em busca de uma definição subjetiva.
No caminho viu coisas horríveis, os sensíveis elefantes eram torturados e pela primeira vez o menino chorou. Salvou quantos couberam no seu coração. Chorou mais ainda, culpou-se por não ser grande o bastante.
A felicidade vinha para lhe acalentar onde estivesse, essa foi a única vez que não veio.
Sentiu que parte de si esvaia, mas seria a parte que deveria se esvair?
Depois viu um povo que cuidava desses elefantes.
Amou-lhes o quanto pôde.
Tornou-se um menino feliz, um menino queimado do sol, um menino marcado de vivências, um menino colorido, um menino que aprendeu a perder, um menino que guarda espaços, um menino que chora, um menino que aprende e luta por seus elefantes diários.
terça-feira, 10 de junho de 2008
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