De repente, sentiu aquela sensação quente expandindo - se do meio de seus seios por entre suas víceras, gritaria ?! Não, nunca foi de sua personalidade chamar atenção. Ela prendia, comprimia aquilo dentro de si, tentava fazer daquilo uma espécie de ser cristalizado.
Pra quê? Aquele sentimento inútil de nada servira para ela até agora. Por quê? Por ser inútil ou por egoísmo próprio de querer o sofrimento só para si, eterna e brilhante mártir.
Lembrava - se que desde pequena sua mãe indagava inútil e repetidamente; por que prendia em si e para si tudo.
Egoísmo ou covardia? pensava. Covardia de dizer ao outro o que tinha dentro dela, toda a prazerosa dor sentida, medo de rejeiçao, mas não seria ela já adaptada ao sofrimento e ao prazer de tudo aquilo ?
O gelo, que abatia - se ali, queimava todas as veias e aquecia o teimoso músculo que batia e produzia mais dor.
Tudo muito escuro no quarto, mas tudo muito claro para si, como cartas óbvias colocadas na mesa como numa última conversa entre dois amigos para constatarem onde foi o erro. Porém, não houve erro, os nós são necessários.
De repente, sentiu que a sensação de outrora a qual queimava friamente dissipava - se e logo veio uma dor que não suportaria, não suportaria a ausência da dor tão amada. Essa dor chamada amor.
1 comentários:
truou mesmo!
Eu faço isso
comprimo dentro de mim
prendo entre os dentes
e depois sopro todos os gestos e palavras :)
Postar um comentário